Redução dos resíduos sólidos da atividade portuária é tema de seminário na AppaA Administração dos Portos do Paraná reuniu, nesta quarta-feira (06/08/2014), a academia, o mercado e os operadores para debater a gestão dos resíduos da atividade portuária. O foco principal deste primeiro seminário de uma série foi levantar e discutir alternativas para reduzir os resíduos sólidos, principalmente gerados pela movimentação dos grãos de exportação.

Segundo o diretor-presidente da Appa, Luiz Henrique Dividino, ainda este ano, pretende-se organizar outros momentos de debates como este para tratar das demais questões ambientais que envolvem as operações portuárias no Estado. “A nossa proposta é dar a devida importância às ações que têm sido implantadas por toda a comunidade portuária no sentido de minimizar os resíduos sólidos, aqui que a gente vê nas ruas e que muito incomoda a população. Este é voltado para técnicos também, mas o objetivo final é atender um pleito grande e cotidiano da população”, comenta.

De acordo com Dividino, o debate integrado – envolvendo, além dos técnicos, o Ministério Público, a Prefeitura e o Instituto Ambiental do Paraná – facilita no tratamento dos problemas e na implantação das soluções para a gestão dos resíduos sólidos nos portos paranaenses.

Ações – As ações que os operadores portuários do segmento vêm implantando para reduzir os resíduos foram apresentadas pela Associação dos Operadores Portuários do Corredor de Exportação do Porto de Paranaguá (AOCEP). Maicon Magalhães, responsável pelo administrativo da entidade, destacou as ações práticas (de limpeza e destinação dos resíduos, além da parceria com a Appa em programas de orientação – como a Patrulha da Limpeza e a Operação Safra) e filosóficas.

“Temos adotado medidas como estações de limpeza dos caminhões e vagões de cada terminal; ações de limpeza das vias públicas de acesso ao porto, em parceria com a Appa; a limpeza das áreas da moega, dos silos e armazéns. Temos real responsabilidade de conduzir este trabalho e, por ter apoio da autoridade portuária, não temos encontrado dificuldade. Além das práticas, temos um comitê ambiental que se reúne periodicamente de estar discutindo as melhores práticas entre os associados”, expõe.

Seminário – O seminário foi mediado pelo diretor de meio ambiente da Appa, Marco Aurélio Ziliotto que também apresentou as ações que já vêm sendo desenvolvidas pela Appa para minimizar a geração dos resíduos e dar a devida destinação aos mesmos. “O nosso trabalho está focado para gerenciar da maneira correta os resíduos. Um amplo programa de gerenciamento já está sendo executado e hoje conseguimos monitorar toda a área, verificar onde estão os problemas e trabalhar de maneira focada nas soluções”, explicou.

Durante o seminário, os operadores puderam conhecer e solucionar dúvidas práticas sobre os equipamentos utilizados para tratar dos resíduos, como forma de melhorar a eficiência e os resultados.

Esse mercado de soluções e tecnologia na área de meio ambiente e gestão de resíduos, foi representado por Luiz Carlos Luckner, da empresa Aeroar; Edmilson Sanches Cardenes, do Grupo Atual; Diogo Medeiros, da Novafrota (representante da Bobcat no Brasil); Ubirajara Feyh Martins, da INPISA; e Rogério Gonçalves e Fábio Dufour, do CIETEC.

Luckner abordou os riscos que trazem as condições de pó, nos recintos de armazenagem dos grãos e apresentou as alternativas para minimizá-los. “As explosões em armazéns nas áreas portuárias são comuns. O calor, em contato com o combustível, que é o grão particulado (ou seja, o pó) e o oxigênio favorecem esse risco. Então a solução é o tratamento para reduzir o pó e eliminar o ambiente confinado dentro dos armazéns, silos e moegas. Soluções simples podem resolver os problemas, minimizando os impactos para quem opera a carga e para a população”, afirma em sua apresentação o representante da Aeroar.

Diogo Medeiros, da Nova Frota, e Edmilson Sanches Cardenes, do Grupo Atual, falaram das tecnologias disponíveis para recolher os grãos derramados. Cardenes apresentou as soluções em varredeiras e outros equipamentos para limpar as vias, por sucção, vácuo e alta pressão e comentou que tem aumentado, e muito, a demanda por esses equipamentos no Brasil.

“Essa demanda aumenta na mesma proporção em que se aumenta a produção e a exportação das commodities agrícolas. Faz pelo menos 20 anos que esse conceito de máquinas varredeiras está implantado no país. Hoje podemos afirmar que existe tecnologia e solução para resolver esse problema, é só investir”, afirma.

Gestão Ambiental – Os representantes do CIETEC apresentaram o conceito de gestão positiva de resíduos e inteligência ambiental. Rogério Gonçalves falou das 108 caçambas georreferenciadas que gerencia, junto à Appa – desde a área primária do porto de Paranaguá até o pátio de triagem e o Porto de Antonina. E apresentou as novas tecnologias que vêm sendo pensadas, para os portos paranaenses, para planejamento e monitoramento da rastreabilidade do transporte e da destinação de resíduos.

“Quanto mais informação (e acessibilidade), melhor a gestão. Quanto mais dados conseguimos acumular e disponibilizar, em tempo real, melhor ficam os procedimentos e a metodologia de gestão dos resíduos na área portuária. Facilita, também, a tomada de decisão para a correção dos problemas”, comenta.

Caminhões – Ubirajara Feyh Martins apresentou uma solução para ser implantada nos caminhões que transportam os grãos até o Porto: um revestimento para a caçamba, que impede que os grãos caiam.

“Os resíduos que caem nas vias, além de gerar um mercado paralelo e nocivo (das pessoas que recolhem), atraem ratos e outros vetores e ainda estão gerando uma situação bastante preocupante, pois a soja que cai germina sem controle e vira foco de praga que se alastra – como tem ocorrido no Mato Grosso. Portanto, se a perda não for combatida, esses outros problemas gerados por elas não serão resolvidos”, afirma.

Perda – Essa questão da perda foi abordada no seminário por João Gilberto Mendes dos Reis, doutor em engenharia de Produção e Tecnólogo em Logística, e professor do Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista e do Programa de Pós Graduação em Agronegócios da Universidade Federal da Grande Dourados.

Segundo ele, as perdas na hora de transportar, descarregar e armazenar os grãos geram perdas financeira para todo o sistema, além dos impactos ambientais. “É preciso tentar convencer os operadores que o que se está perdendo é muito maior e mais caro do que pensar e implantar alternativas e novas tecnologias, nem que seja apenas desenvolver um transporte rodoviário mais eficiente. A grande dificuldade, hoje, para isso é pensar isso numa sociedade que já considera o desperdício e a perda algo normal. Espero que o setor avalie e tome as atitudes necessárias para contar esse problema dos resíduos dos grãos”, conclui o professor.

Entre as sugestões expostas pelo especialista para o problema da perda dos grãos estão o uso de caminhões silos ou cerealistas e a exportação e transporte via contêiner.

Fonte: ASSCOM APPA

Atenção: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do Portal Paranaguá.